As correntes invisíveis da Escravidão.
O
mês de novembro representa sempre a possibilidade de analisarmos um pouco mais
profundamente o processo histórico da exclusão das negras/os no Brasil. E
revisitar a história é sempre um bom começo, para alguns, expressão de
ressentimento, para outros a forma de desatar os nós, e buscar verificar
criticamente a nossa situação enquanto negras/os na Bahia, em Salvador, em
pleno século XXI, exatamente em 2016.
Exatamente
2016 nos posiciona no tempo e espaço, e conseqüentemente nos faz lembrar que
estamos após 128 anos de abolição da Escravidão, após os 358 anos deste modo de
Produção que coloca o trabalho como a categoria que posiciona o lugar do homem
no mundo. E quando nos referimos ao povo negro, este lugar foi o do trabalho
escravo, subserviente, braçal (o do esforço físico), ou seja, e que mesmo após
a dita “abolição da escravidão”, que, diga-se de passagem, já entendemos que
foi diferentemente do ensinado durante tantos anos nas escolas públicas,
conquistado pelas mulheres e homens, negras/os deste país e de outros países do
mundo. O que de fato temos que fazer referência neste 20 de Novembro – Dia da
Consciência Negra é dizer Viva a Zumbi dos Palmares, a Dandara, a Carolina
Maria de Jesus.
O
Novembro Negro tem que ser referenciado nos 365 dias do ano pois ainda hoje as
negras/os vivem sob as correntes
“Invisíveis da Escravidão” os dados apontam isto, segundo o sistema PED em seu
relatório 2015 “a população negra representa 92,4% da população economicamente
ativa; 94,2% dos desempregados de Salvador. E as condições de trabalho? Nos
setores de serviço (mulheres 74,6%; homens 47,8%) Construção (mulheres 1,3%;
18,2%) Comércio e reparação de veículos (mulheres 18,6% homens 19,6%), ou seja,
ainda somos grande maioria com trabalhos “escravos domésticos” “escravos de
ganho”, inseridos nas áreas de menos respeito, menos prestígios, menores
salários, direitos trabalhistas não garantidos, sob nossa própria conta. Enfim
esse 20 de novembro temos muito mais a resistir a PEC 241, ao retrocesso nos
direitos sociais, ao Genocídio da População Negra.... às correntes invisíveis da escravidão e do Racismo.
Extremamente contextualizada essa sua abordagem temática.Vivemos nestas "correntes invisiveis " em pleno mundo globalizado , as últimas urnas nos comprovaram que os dominadores estão mais vivos e estratégicos na busca constante de manter a hegemonia da dominação . Por azar deles... nós também continuamos vivos e cada dia mais aguerridos e prontos para continuar a luta e combater todas as formas de dominação e quebrarmos todas as amarras e correntes "invisiveis " que possam existir .
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