domingo, 6 de novembro de 2016

As correntes invisíveis da Escravidão.

O mês de novembro representa sempre a possibilidade de analisarmos um pouco mais profundamente o processo histórico da exclusão das negras/os no Brasil. E revisitar a história é sempre um bom começo, para alguns, expressão de ressentimento, para outros a forma de desatar os nós, e buscar verificar criticamente a nossa situação enquanto negras/os na Bahia, em Salvador, em pleno século XXI, exatamente em 2016.
Exatamente 2016 nos posiciona no tempo e espaço, e conseqüentemente nos faz lembrar que estamos após 128 anos de abolição da Escravidão, após os 358 anos deste modo de Produção que coloca o trabalho como a categoria que posiciona o lugar do homem no mundo. E quando nos referimos ao povo negro, este lugar foi o do trabalho escravo, subserviente, braçal (o do esforço físico), ou seja, e que mesmo após a dita “abolição da escravidão”, que, diga-se de passagem, já entendemos que foi diferentemente do ensinado durante tantos anos nas escolas públicas, conquistado pelas mulheres e homens, negras/os deste país e de outros países do mundo. O que de fato temos que fazer referência neste 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra é dizer Viva a Zumbi dos Palmares, a Dandara, a Carolina Maria de Jesus.

O Novembro Negro tem que ser referenciado nos 365 dias do ano pois ainda hoje as negras/os vivem sob  as correntes “Invisíveis da Escravidão” os dados apontam isto, segundo o sistema PED em seu relatório 2015 “a população negra representa 92,4% da população economicamente ativa; 94,2% dos desempregados de Salvador. E as condições de trabalho? Nos setores de serviço (mulheres 74,6%; homens 47,8%) Construção (mulheres 1,3%; 18,2%) Comércio e reparação de veículos (mulheres 18,6% homens 19,6%), ou seja, ainda somos grande maioria com trabalhos “escravos domésticos” “escravos de ganho”, inseridos nas áreas de menos respeito, menos prestígios, menores salários, direitos trabalhistas não garantidos, sob nossa própria conta. Enfim esse 20 de novembro temos muito mais a resistir a PEC 241, ao retrocesso nos direitos sociais, ao Genocídio da População Negra.... às correntes invisíveis da escravidão e do Racismo.